quarta-feira, 3 de junho de 2009

Copa do Brasil:Jogos de Volta das Semifinais

CORINTHIANS (SP) 0X0 VASCO (RJ)
Em jogo emocionante, Corinthians segura pressão do Vasco e garante vaga na final



Foi sofrido e sobrou emoção no Pacaembu, mas a Fiel pode dormir tranquila. Após o empate em 1 a 1 na partida de ida, no Maracanã, o Corinthians entrou em campo, na noite desta quarta-feira, com o regulamento embaixo do braço e não se fez de rogado ao usar de cautela contra o Vasco. Deu resultado. O Timão segurou a pressão da equipe cruzmaltina, que jogou de igual para igual durante os 90 minutos, não sofreu gol e chegou pela segunda vez consecutiva à final da Copa do Brasil (assista aos melhores momentos no vídeo ao lado).

Agora, o time do Parque São Jorge luta pelo tricampeonato da competição contra o Internacional, que perdeu por 1 a 0 para o Cortiba no Couto Pereira, mas ficou com a vaga por ter vencido a partida de ida por 3 a 1, no Beira-Rio - o Colorado tenta o segundo título do torneio. Os jogos finais estão marcados para 17 de junho e 1º de julho, e os mandos de campo ainda serão definidos, por sorteio, na sede da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), no Rio de Janeiro.

Pelo Brasileirão, o Corinthians volta a campo no próximo sábado, às 21h, contra o Coritiba, no Pacaembu. No mesmo dia e horário, o Vasco tem novo desafio pela Série B. Desta vez diante do São Caetano, em São Januário – as duas equipes decidiram o Nacional de 2000, e os cariocas levaram a melhor.

Estrelas não brilham, mas equipes fazem belo jogo

A expectativa dos torcedores era de grandes apresentações das estrelas Ronaldo e Carlos Alberto, desfalques na primeira semifinal. Ambos, porém, tiveram atuação apagada. E como nenhum outro jogador conseguiu fazer a diferença para um dos lados, graças ao gol de Dentinho no Maracanã o Timão assegurou vaga na final.

Já tem virado praxe. Começa a partida, o volante Cristian corre atrás do jogador que tem de marcar e deixa o seu recado com uma chegada mais dura. No caso do duelo desta noite, o alvo foi Carlos Alberto, que não gostou e revidou com empurrão logo aos dois minutos. Após confusão, o árbitro Leonardo Gaciba chamou os dois para conversar e pediu calma. Optou por não mostrar cartão amarelo para nenhum deles.

Infelizmente, na noite fria de São Paulo, este foi o lance mais quente de um primeiro tempo fraco tecnicamente e de poucas chances de gol para os dois lados. De cara, até parecia que o Corinthians faria uma pressão maior, mas ficou só na ameaça. Aos cinco minutos, Elias fez boa jogada pela direita e cruzou para Ronaldo, que tentou de calcanhar e mandou para fora, sem assustar o goleiro Fernando Prass.



Três minutos depois, o Fenômeno recebeu a bola na esquerda da grande área, parou e gingou em frente a Amaral. A Fiel foi à loucura. O lance, porém, não resultou em nenhuma jogada de perigo. Aos 12, Ronaldo conseguiu finalizar após receber passe de Chicão, mas a conclusão foi fraca demais. Enquanto o elenco do Timão procurava por sua estrela, o do Vasco queria achar Carlos Alberto. Também não teve sucesso.

Com o meia bem marcado e sem espaço para criar, a equipe carioca ficou carente de armação. Tanto que a primeira finalização cruzmaltina saiu dos pés do volante Nilton, apenas aos 17 minutos, de fora da área – a bola passou longe do gol. Aos 23, no entanto, Elton obrigou Felipe a fazer grande defesa. Após cobrança de escanteio de Paulo Sérgio da direita, o atacante cabeceou e o corintiano saltou para espalmar (veja no vídeo acima).

Sem nenhuma equipe apresentar qualquer tipo de domínio, a partida ficou concentrada nos contra-ataques. Aos 31 minutos, por exemplo, Douglas e Cristian saíram tabelando do campo de defesa e o volante mandou para Ronaldo, que, impedido, finalizou novamente sem força. Aos 35, foi a vez de Dentinho trocar passes com Alessandro e chutar da entrada da área. Fernando Prass defendeu.

Também em lance rápido, o Vasco assustou o Timão aos 42, mas o árbitro marcou impedimento. O ataque paulista foi interceptado e imediatamente a bola foi em direção de Elton. O atacante aproveitou vacilo de William e apareceu na grande área. Mas antes que finalizasse o jogo já estava parado. Chicão ainda chegou para cortar.

Pressão dos dois lados

Com a necessidade de fazer gols para ter a chance de classificação à final, o Vasco iniciou o segundo tempo em ritmo mais acelerado. A tática usada foi bola alçada na área, mas a zaga do Corinthians conseguiu afastar. A equipe da casa só conseguiu sair dessa pressão aos cinco minutos, quando Dentinho chutou cruzado para fora.

No minuto seguinte, porém, a equipe de São Januário voltou a assustar. Após cruzamento da direita, Carlos Alberto apareceu para cabecear prensado com a zaga do Corinthians e ver Felipe ficar com a bola. Só que antes mesmo da conclusão, o auxiliar de arbitragem já marcava impedimento do meia vascaíno.

Aos poucos, a impaciência tomou conta dos dois times. O Corinthians por considerar o placar de 0 a 0, que lhe dava um lugar na decisão, perigoso, e o Vasco por necessitar balançar a rede do rival para manter viva as esperanças. O nervosismo, no entanto, provocou muitos erros de ambos os lados.

Ronaldo e Carlos Alberto, as principais esperanças de Timão e Vasco, respectivamente, na partida, estavam apagados. Até um pouco irreconhecíveis. Mas a maior persistência do clube carioca quase foi premiada aos 19 minutos. Depois de cruzamento da esquerda, Nilton subiu e cabeceou. A bola passou bem perto do gol.



Pouco antes, aos 16, após cobrança de escanteio, o atacante Elton teve sua camisa puxada por Chicão. Pênalti claro não marcado pelo árbitro Leonardo Gaciba, encoberto por vários jogadores (assista ao lance no vídeo ao lado). O jogo ainda ficou parado por um tempo por conta de uma trombada de Dentinho com adversários.

Para tentar mudar um pouco o jogo e por conta do desgaste Jorge Henrique, Mano Menezes colocou Boquita no Corinthians. Do lado do Vasco, Dorival Júnior tirou Carlos Alberto - que sentiu câimbras e pedir para sair - e colocou Enrico. A substituição fez mais efeito no Timão, que quase abriu o placar em belos chutes de Dentinho, aos 24, e Boquita, aos 25 minutos..

O clube carioca não se intimidou e buscou espaço para revidar a pressão. Achou, é verdade, em lance atrapalhado, mas que obrigou Felipe a se mexer. Aos 30, Edgar desviou de cabeça e, sem querer, achou Elton na pequena área. O goleiro corintiano saltou na frente do atacante para evitar a conclusão.

Aos 37 minutos, foi a vez de Fernando Prass brilhar. Ronaldo recebeu ótimo passe, avançou para a grande área, mas ao tentar driblar o goleiro do Vasco, o Fenômeno foi interceptado para alívio da torcida cruzmaltina. A pressão corintiana ficou mais intensa no final, mas o gol não saiu. Como o 0 a 0 era do Corinthians, a Fiel pôde comemorar a vaga na decisão.

CORINTHIANS 0 x 0 VASCO
CORINTHIANS
Felipe, Alessandro, Chicão, William e Diego; Cristian, Elias e Douglas (Wellington Saci); Jorge Henrique (Boquita), Dentinho (Otacílio Neto) e Ronaldo
Técnico: Mano Menezes
VASCO
Fernando Prass, Paulo Sérgio, Vilson, Gian e Ramon; Amaral, Nilton, Léo Lima (Fernandinho) e Carlos Alberto (Enrico); Elton e Rodrigo Pimpão (Edgar)
Técnico: Dorival Júnior
Cartões amarelos: Chicão, Jorge Henrique e Boquita (Corinthians); Carlos Alberto, Vilson, Gian e Amaral (Vasco)
Público: 35.181 pagantes Renda: R$ 1.749.103
Estádio: Pacaembu Data: 03/06/2009
Árbitro: Leonardo Gaciba (RS/Fifa)
Auxiliares: Altemir Hausmann (RS/Fifa) e Alessandro Álvaro Rocha de Matos (BA/Fifa)


CORITIBA (PR) 1X0 INTERNACIONAL (RS)
Jogo eletrizante dá vitória ao Coritiba e vaga na final da Copa do Brasil ao Inter



A festa de 100 anos de vida do Inter ganhou nesta quarta-feira a confirmação da presença de uma convidada ilustre: a grande decisão da Copa do Brasil. O time colorado se defendeu como quem luta pela vida para segurar a pressão do Coritiba no Couto Pereira e garantir, mesmo com o gosto amargo de uma derrota por 1 a 0, presença na final, contra o Corinthians (assista ao vídeo ao lado). O Coxa, também centenário, terá que soprar as velinhas com a dor de quem fracassou no Estadual, morreu na praia na Copa do Brasil e não tem as perspectivas mais animadoras do Brasileirão. Mas com um justo orgulho: a grandeza de jamais ter desistido contra o Inter – nem time, nem torcida.

O Coritiba foi gigante para bater um oponente fortíssimo e quase ir à final. Os gritos de “eu acredito” da torcida foram seguidos ao pé da letra pelo time. O gol saiu tarde, só aos 29 minutos do segundo tempo, após forte pressão. A luta incansável foi o consolo para um time tão brioso. O Inter avançou porque venceu o jogo de ida, no Beira-Rio, por 3 a 1. No resultado agregado, deu 3 a 2 para os gaúchos.

Antes de pensar na decisão da Copa do Brasil, o Inter precisa seguir a campanha impecável no Campeonato Brasileiro. No domingo, o time de Tite visita o Cruzeiro no Mineirão. O Coritiba, lanterna da disputa, joga um dia antes, diante do Corinthians, em São Paulo.

Encaixotado, Inter segura a onda do Coxa

Foi um daqueles jogos que deixam o sujeito cansado só de olhar, tamanha a correria. Talvez pelo frio inferior a 5ºC na hora da partida, os atletas voaram em campo. A diferença é que o Coritiba, ao contrário do Inter, correu na direção do gol. A torcida, inflamada desde antes de a bola rolar, foi junto e fez bonita festa no Couto Pereira, enfeitado também pela presença de mais de três mil colorados.

O time paranaense encaixotou o adversário no campo de defesa e martelou, martelou, martelou sem parar em busca da rede de Lauro. O Coxa só não previa encontrar uma zaga feita de chumbo, resistente a marteladas, no primeiro tempo. Álvaro cortou quase todas. Quando não conseguiu, o goleiro vermelho voltou a fazer a diferença.

Tudo no Coritiba passou por Marcelinho Paraíba, que caiu pelo lado direito de ataque para explorar as costas de Marcelo Cordeiro. Márcio Gabriel também pintou o tempo todo por ali, como se fosse um ponteiro. Eles incomodaram a defesa gaúcha, criaram alternativas de ataque, mas, no frigir dos ovos, não produziram muitas chances claras de gol – em parte, por culpa do grandalhão Ariel, que ficou trombando com a zaga e esqueceu de jogar.

Se tudo passou por Marcelinho no Coxa, nada saiu de D’Alessandro no Colorado na etapa inicial. E não foi por falta de insistência. Na saída para o ataque, volantes, laterais e apoiadores sempre procuraram o talento do argentino, mas ele errou um lance atrás do outro. Como consequência, o ataque ficou órfão de possibilidades, até porque Alecsandro esteve sumido. Foi por isso que o Inter esteve mais longe do gol do que o Coritiba.

O time alviverde, excetuados os cruzamentos desperdiçados, teve apenas uma chance viva de gol, daquelas que fazem o torcedor cavar um buraco na arquibancada para pular dentro. E aí parou em Lauro. Carlinhos Paraíba caiu pelo meio e rolou para Marcelinho, que devolveu na medida certa para um chute perigoso, certeiro, no cantinho direito do goleiro colorado, que caiu bem para espalmar. De resto, só bolas alçadas na área e chutes sem grande ameaça. E o mesmo vale para o Inter. Taison, com quatro minutos, mandou um raro chute a gol. Vanderlei defendeu.

Na saída para o vestiário, ao fim do primeiro tempo, o técnico René Simões disse que a arbitragem estava favorecendo o Inter e acusou o colega Tite de condicionar as decisões do árbitro com declarações dadas durante a semana. A torcida paranaense ficou na bronca com o juiz durante todo o período, mas especialmente quando ele mandou o jogo seguir em lance em que Ariel desabou na área após contato com Índio.

Mais pressão alviverde

Os 15 minutos de descanso, a conversa com Tite, a água bebida no vestiário do Couto Pereira, nada disso fez o Inter voltar mais agressivo no segundo tempo. A pressão alviverde seguiu perto do insustentável. A prova foi o tempo decorrido até a primeira chance: 35 segundos. Márcio Gabriel fez o que quis com a zaga colorada e só não fez o gol porque Lauro cresceu feito um gigante na frente dele para abafar. A bola foi a escanteio. Na cobrança, Felipe quase fez de cabeça.

Se escanteio valesse gol, o Coritiba teria goleado. Se erro de cruzamento valesse gol para o adversário, a goleada seria do Inter. O problema do Coxa foi desperdiçar a pressão que fez. Faltou qualidade técnica.

Aos poucos, o desespero começou a bater no time da casa, que deixou crateras em sua zaga para Taison, sempre ágil, deitar e rolar. Também faltou ao Inter o melhor encaixe para fazer o gol. Aos 13 minutos, Guiñazu e D’Alessandro tramaram jogada que viraria um gol antológico de Alecsandro, em um misto de voleio e bicicleta, tivesse acertado o alvo. Quase.

O Coritiba jamais desistiu. Em cada segundo, em cada bola, insistiu com a grandeza que exigem seus 100 anos. E foi premiado aos 29 minutos. Marcelinho Paraíba serviu Ariel, que girou para o gol e fez o Couto Pereira explodir em euforia. Havia uma esperança para o time que não pensou em jogar o pano em momento algum. A insistência durou até o fim, irrefreável. Mas não teve jeito. O Inter conseguiu, na base do sofrimento, ficar com uma vaga que o Coritiba também merecia.

Ficha técnica:
CORITIBA 1 x 0 INTERNACIONAL
CORITIBA
Vanderlei, Rodrigo Mancha (Rodrigo Heffner), Pereira e Felipe; Márcio Gabriel, Leandro Donizete, Pedro Ken (Ramon), Marcelinho Paraíba e Carlinhos Paraíba (Renatinho); Marcos Aurélio e Ariel.
Técnico: René Simões.
INTERNACIONAL
Lauro, Bolívar, Índio, Álvaro e Marcelo Cordeiro; Sandro, Magrão, Guiñazu e D’Alessandro (Glaydson); Taison (Giuliano) e Alecsandro (Danilo Silva).
Técnico: Tite.
Gols: Ariel, aos 29 do segundo tempo.
Cartões amarelos: Pereira, Felipe e Leandro Donizete (Coritiba); Bolívar (Inter). Cartão vermelho: Bolívar (Internacional).
Estádio: Couto Pereira. Data: 03/01/2009.
Árbitro: Paulo Ricardo Marques Ribeiro (Fifa/MG).
Auxiliares: Ednilson Corona (Fifa/SP) e Hilton Moutinho Rodrigues (Fifa/RJ).