quarta-feira, 27 de maio de 2009

Taça Libertadores:Quartas de Final

CRUZEIRO (BRA) 2X1 SÃO PAULO (BRA)
Cruzeiro derrota o São Paulo, quebra tabu e está mais perto da vaga para a semifinal



O Cruzeiro está a um empate da semifinal da Taça Libertadores. Nesta quarta-feira, o time mineiro derrotou o São Paulo por 2 a 1, no Mineirão, e saiu na frente no duelo brasileiro pelas quartas de final. A Raposa ainda quebrou um tabu, já que não vencia o adversário há cinco anos. Leonardo Silva e Zé Carlos fizeram os gols celestes. Washington marcou para os tricolores e manteve o time vivo. A definição do classificado para a semifinal será no dia 17 de junho, no Morumbi. Na capital paulista, os são-paulinos precisam de uma vitória por 1 a 0. Quem passar vai encarar Grêmio ou Caracas (nesta quarta, os times empataram por 1 a 1 na Venezuela).

Ouça os gols do jogo com narração da Rádio Globo AM

Antes, porém, mineiros e paulistas terão um novo encontro. No próximo domingo, voltam a se enfrentar. Agora, pelo Brasileirão, na quarta rodada, em São Paulo.

Confira a tabela da Taça Libertadores

Pouca técnica, muita pancada e gol do Cruzeiro

Quem achou que a opção do técnico Adilson Batista de escalar o Cruzeiro com três volantes seria muito defensiva se enganou. Empurrado por um Mineirão lotado por mais de 52 mil pagantes, o time celeste partiu com tudo ao ataque e imprimiu velocidade, característica principal do seu jogo. Sem Wagner, machucado, a responsabilidade de criar as jogadas caiu sobre Ramires. Aos dois, o primeiro lance de perigo. Thiago Ribeiro recebeu na área, bateu de pé direito, mas a bola subiu demais. O São Paulo chegou pouco depois, aos cinco. Washington saiu da área, avançou pela direita e cruzou certinho para Jorge Wagner. O camisa 7 pegou de primeira, mas a bola explodiu na zaga.

Os primeiros 15 minutos foram de muito equilíbrio e marcação. Algumas vezes forte demais. Colado em Kléber, o zagueiro Miranda tentava conter as investidas do Gladiador. André Dias e Eduardo Costa o ajudavam. Do outro lado, Washington brigava com os zagueiros, enquanto Dagoberto, sonolento, pouco tocava na bola.

Aos 22, o lateral-esquerdo Gerson Magrão recordou os tempos em que jogava no meio. Carregou a bola para a entrada da área, limpou a marcação e bateu de longe com a perna direita, que não é a boa. O chute passou perto da trave esquerda do goleiro Denis. A partir daí, o jogo ficou concentrado no meio e até certo ponto violento. Aos 31, ânimos quentes. Richarlyson fez falta em Jonathan e, com o adversário caído por cima da bola, deu um chute perigoso. Apesar de ter atingido a pelota, seu gesto deu início a uma confusão envolvendo os dois times.

Três minutos depois, Ramires, que andava sumido no duelo, recebeu na área pelo lado direito do ataque e soltou uma bomba. Denis fez a defesa, a bola tocou no corpo do zagueiro André Dias e não entrou por muito pouco. Depois desse lance, os atacantes celestes Kléber e Thiago Ribeiro passaram a trocar de posição, numa tentativa de fugir da marcação.

Com mais vontade e posse de bola, o Cruzeiro tentava pela esquerda, pela direita, com atacantes ou volantes. Aos 44, Henrique recebeu na área e bateu rasteiro. Denis se esticou para defender e mandar pela linha de fundo. Na cobrança de Thiago Ribeiro, o zagueiro Leonardo Silva, ex-Palmeiras, subiu no meio da área para dar uma cabeçada certeira: 1 a 0, e explosão azul no Mineirão. O árbitro Carlos Chandía apitou o fim do primeiro tempo logo depois. De tão eufóricos, poucos torcedores perceberam. Cruzeiro melhor e em vantagem.

Jogo aberto e cheio de alternativas

O Cruzeiro voltou para o segundo tempo apenas com Kléber no ataque. Thiago Ribeiro sentiu uma fisgada na coxa direita e foi substituído por Athirson, que entrou no meio-campo. Em desvantagem, o São Paulo começou a etapa final com a intenção de pressionar o adversário, mas só conseguiu chegar com força aos dez minutos. Washington foi lançado na área, só que o goleiro Fábio saiu do gol antes que o atacante chegasse na bola. No entanto, na jogada seguinte, deu tudo certo para o Tricolor Paulista. Zé Luis cruzou para a área, Dagoberto cabeceou livre, e Fábio defendeu parcialmente. Esperto, Washington pegou o rebote, girou o corpo para bater com o pé direito e empatar: 1 a 1. A bola ainda tocou no zagueiro Leonardo Silva antes de estufar a rede. Momento de silêncio no Mineirão.

Adilson Batista percebeu que com apenas um atacante a Raposa estava sem força e corrigiu o erro. O técnico lançou Zé Carlos no lugar de Gerson Magrão, e Athirson passou a jogar na lateral esquerda. Deu muito certo. Aos 19, Jonathan recebeu passe de Kléber na direita, cruzou rasteiro, e o camisa 18 apareceu como um foguete para bater de primeira, no alto, e fazer o segundo gol. O goleiro Denis chegou a tocar na bola, mas não conseguiu tirar: 2 a 1. Hora de sentir o Mineirão tremer. A curiosidade sobre o autor do gol é que Zé Carlos foi inscrito na Libertadores nesta semana no lugar de Soares, que fraturou o tornozelo direito e só volta a jogar em três meses.

Do banco, Muricy decidiu mudar em dose dupla. Lançou Borges na vaga de Dagoberto e André Lima no lugar de Washington. Mas quem quase empatou foi um volante. Aos 28, Eduardo Costa chutou da entrada da área, sem marcação, e obrigou Fábio a fazer grande defesa. Disposto a aumentar a vantagem, o time de Adilson Batista se lançou ao ataque. Aos 37, Athirson teve ótima chance em cobrança de falta. Da entrada da área, ele buscou o ângulo esquerdo, mas Denis defendeu bonito.

O São Paulo não estava morto. Após cobrança de escanteio e uma confusão na área azul, André Lima pegou a sobra e bateu forte, no canto esquerdo de Fábio. O camisa 1 foi buscar mais uma vez. O placar não foi alterado. Apesar da vantagem cruzeirense, a disputa pela vaga está bem aberta.

Ficha técnica:
CRUZEIRO 2 x 1 SÃO PAULO
CRUZEIRO
Fábio; Jonathan, Thiago Heleno, Leonardo Silva e Gerson Magrão (Zé Carlos); Henrique, Fabrício, Marquinhos Paraná e Ramires; Thiago Ribeiro (Athirson) e Kléber.
Técnico: Adilson Batista.
SÃO PAULO
Denis, André Dias, Richarlyson e Miranda; Zé Luis, Eduardo Costa, Jean, Hernanes e Jorge Wagner; Dagoberto (Borges) e Washington (André Lima).
Técnico: Muricy Ramalho.
Gols: Leonardo Silva, aos 45 do primeiro tempo. Washington, aos 11, Zé Carlos, aos 19 do segundo tempo.
Cartões amarelos: Kléber (Cruzeiro); Dagoberto, Miranda e Zé Luis (São Paulo).
Estádio: Mineirão, Belo Horizonte. Data: 27/05/2008.
Árbitro: Carlos Chandía (CHI).
Auxiliares: Cristian Julio (CHI) e Osvaldo Talamilla (CHI).
Renda: R$ 1.376.847,50 Público: 52.906 pagantes


CARACAS (VEN) 1X1 GRÊMIO (BRA)
Depois do susto, o alívio: Grêmio empata com o Caracas na Venezuela



A atuação não foi boa, mas valeu muito o resultado. O Grêmio empatou por 1 a 1 com o Caracas na noite desta quarta-feira, no Estádio Olímpico, na capital da Venezuela, e saiu de campo aliviado com a possibilidade de ir à semifinal da Taça Libertadores da América com uma vitória simples no duelo de volta, em Porto Alegre. O Tricolor levou um gol cedo, logo com dois minutos. Depois, padeceu até buscar o empate na etapa final, com Fábio Santos.

A partida teve momentos de comédia. Logo depois do gol do Grêmio, o sistema de irrigação do campo começou a funcionar, com água jorrando para tudo que era lado. Foi um balde de água fria na animação da torcida venezuelana, chamada de demônios vermelhos, que tentou transformar o estádio em caldeirão.

Com o resultado, o Tricolor precisa de qualquer vitória ou até de empate por 0 a 0 no Olímpico. Novo 1 a 1 leva a decisão aos pênaltis. O Caracas joga por triunfo ou então por igualdades a partir de 2 a 2. O jogo da volta pela Libertadores é dentro de três semanas, no dia 17 de junho. Antes, o clube gaúcho precisa voltar a pensar no Campeonato Brasileiro. No domingo, encara o Vitória em Salvador.

Gol cedo e péssimo rendimento

A torcida do Caracas foi em peso ao estádio e fez uma festa impressionante antes de a bola rolar, com fogos de artifício explodindo no céu e até lança-chamas nas arquibancadas. A execução do hino da Venezuela foi de arrepiar. E o começo do jogo, de apavorar. Com dois minutos, o Grêmio levou o gol. Era assustadoramente cedo.

O lance começou com uma falta cometida por Ruy no lado direita da defesa. Quem pegou a bola para a cobrança foi o zagueiro Rey, 34 anos. Ele mandou fechado, no primeiro poste. Cichero entrou feito uma flecha para subir mais alto do que a zaga tricolor e bater o goleiro Victor. A defesa do Grêmio, quase sempre sólida, vazou por cima.

O gol foi um aviso que o time de Paulo Autuori não conseguiu captar. A necessidade de melhorar a situação em campo não incrementou o rendimento tricolor. A zaga continuou batendo cabeça. Os laterais seguiram mais envolvidos do que envolventes. Adílson correu o tempo todo sem saber para onde ir. Tcheco e Souza estiveram muito abaixo da produção natural. Como consequência, o Grêmio foi atrapalhado na defesa e pobre na criação.

O fraco desempenho gremista pode ser parcialmente explicado pela ruindade do gramado. Esburacado, o campo impediu a bola de rolar do jeito que os gaúchos gostam. Mas para muitos aspectos, culpar o gramado é inventar desculpa. O posicionamento equivocado da zaga, por exemplo, nada tem a ver com o campo.

O Caracas está longe de ser um grande time. Mesmo assim, esteve mais perto de fazer o segundo gol do que de ceder o empate na etapa inicial. Os venezuelanos exploraram as jogadas aéreas, sempre com sucesso. Se os jogadores do time da casa tivessem melhor aproveitamento nas conclusões, os primeiros 45 minutos poderiam ter sido uma tragédia para o Grêmio. Aos 33, Figueroa fez boa jogada na direita e rolou para Cichero chutar forte, alto. Victor fez defesaça.

O Grêmio pouco ameaçou. A melhor chance saiu com Jonas, em cruzamento da direita que Maxi López não conseguiu aproveitar. O goleiro Vega pegou. De resto, lançamentos desesperados para o argentino, nada de infiltração pelo meio e investidas infrutíferas pelos lados. Pouco, muito pouco.

Empate e água neles!

O Grêmio melhorou um pouco no segundo tempo. Passou a ser menos ameaçado, ajustou a defesa e conseguiu tocar melhor a bola. O problema é que não conseguiu controlar o jogo. Rey, em cobrança de falta aos nove minutos, teve grande chance de ampliar. A bola ficou na barreira. O Tricolor ameaçou aos 17. Fábio Santos, dentro da área, mandou por cima.


O lance acordou o Grêmio. Souza cobrou falta, da entrada da área, no travessão. Aos 29 minutos, saiu o gol. Tcheco lançou com perfeição na área. Fábio Santos apareceu na segunda trave para completar de cabeça. A bola desviou no goleiro e entrou no cantinho. Os jogadores saíram correndo pelo campo, eufóricos com o empate. Foi aí que começou a chover de baixo para cima em Caracas.

Foi hilário. Alguns jogadores do Grêmio aproveitaram para refrescar a cabeça. Literalmente. Ruy colocou o rosto na direção do jato. Atrás do gol de Victor, uma pessoa pulou a placa de publicidade e direcionou a água para dentro de campo. O goleiro foi lá e retribuiu. Enquanto isso, Paulo Autuori dava pulos de indignação na beira do campo.

Com a situação resolvida, o Grêmio ainda teve chances de ampliar, mas não conseguiu. Tudo bem. Não dá para reclamar. Em uma noite de futebol ruim, colocar água no chope e no campo venezuelano já valeu a pena. A decisão será no Olímpico – com campo seco, sem buracos e, se tudo der certo, sem sustos.

Ficha técnica:
CARACAS 1 x 1 GRÊMIO
CARACAS
Vega, Romero, Rey, Barone e Cichero; Vera, Piñango, Figueroa (Guerra) e Gómez; Rentería (Prieto) e Castellín.
Técnico: Noel Sanvicente.
GRÊMIO
Victor, Léo, Rafael Marques e Réver; Ruy, Adílson, Tcheco, Souza (Túlio) e Fábio Santos; Jonas (Alex Mineiro) e Maxi López.
Técnico: Paulo Autuori.
Gols: Cichero, aos dois minutos do primeiro tempo; Fábio Santos, aos 29 do segundo tempo
Cartões amarelos: Tcheco, Léo e Ruy (Grêmio); Piñango e Darío Figueroa (Caracas)
Estádio: Olímpico Universitário, em Caracas (Venezuela). Data: 27/05/2009.
Árbitro: Roberto Silvera (Uruguai).
Auxiliares: Miguel Ángel Nievas (Uruguai) e Marcelo Gadea (Uruguai).