terça-feira, 9 de setembro de 2008

Resenha do Death Magnetic,novo disco do Metallica




Nota:8,5


Em 'Death magnetic', Metallica faz o verdadeiro 'novo metal'



Foram quase 18 anos esperando, mas finalmente o Metallica lançou um disco para suceder o já clássico álbum preto. Para ser bem direto, "Death magnetic" é digno de ser considerado o verdadeiro sexto álbum da banda, dando continuidade a "Kill 'em all", "Ride the Lightning", "Master of Puppets", "...And justice for all" e o já mencionado disco da capa preta sem nome. "Load", "Reload" e "St. Anger", todos lançados nesse ínterim, têm lampejos de criatividade pesada e seriam grandes discos de um grupo iniciante, mas nada perto do que "a maior banda de metal do mundo" é capaz.

Depois de uma leve decepção com as primeiras versões de algumas músicas que vazavam na internet, ou eram gravadas ao vivo e iam para o YouTube, o álbum completo surpreende positivamente. Em primeiro lugar, por uma produção impecável: a banda voltou a ter uma bateria de verdade (com bumbos duplos, e não aquele som de lata de "St. Anger"), voltou a ter solos bem pensados, as músicas são longas, variadas e muito trabalhadas do começo ao fim – trabalho de Rick Rubin, que substituiu Bob Rock.

E surpreende pela pegada pesada das canções e pelas dezenas de novos grandes riffs, daqueles que caracterizaram a carreira da banda e que todo mundo começou a imitar. Ninguém vai conseguir comparação melhor que a edição americana da revista "Rolling Stone": "Death magnetic" é o equivalente musical da invasão da Geórgia pela Rússia, diz a revista, "um repentino ato de agressão de um gigante adormecido".

Nada de agressividade e peso anacrônicos, entretanto. Não que eles revolucionem o thrash metal que eles mesmos ajudaram a criar, mas é como se a violência de "Battery", ou de "The frayed ends of sanity", dos anos 80, ganhassem uma roupagem mais contemporânea, mais atual. Rápido, distorcido, agressivo: o verdadeiro "novo metal" em contraposição a experimentos chatos de grupos como Linkin Park e Korn.




As três primeiras músicas: "That was just your life", "The end of the line" e "Broken, beat and scarred" quase não deixam respirar. Em seguida vem "The day that never come" parecendo que vai ser uma balada, mas batendo quase tanto quando a "Unforgiven" original quando chega no refrão. E a pancadaria continua a toda velocidade dali por diante.

Por falar daquela "semibalada" do começo dos anos 90, ela reaparece aqui em sua terceira edição: "The unforgiven III". Introdução em tom épico, pianinho, e depois mais pancada – uma versão muito mais criativa e diferenciada de que a segunda, do "Reload".





Catarse

Quem um dia já gostou de Metallica sem dúvida ficou preocupado com a crise existencial que o grupo mostrou no documentário "Some kind of monster", e que descambou no mal-falado "St. Anger", mas parece que a terapia funcionou. O disco soa bem- resolvido, como se a banda estivesse de volta a sua perfeita forma.

Os membros originais do grupo elogiaram a colaboração criativa do novo baixista, Robert Trujillo, no disco e nessa nova fase da banda. Se em "Death Magnetic" não se nota tanto a participação dele, em vídeos de shows recentes que podem ser vistos na internet, vê-se que ele está à vontade, e que ajuda a banda a reler até mesmo os clássicos, "ousando" reinterpretar até mesmo a introdução de "For whom the bell tolls" - e dá certo.

O problema da banda pode ser ter demorado 18 anos para lançar um bom disco em um estilo em que a faixa etária média dos ouvintes circula em torno dos 15 anos. Neste caso, vale lembrar o que diz o antropólogo Sam Dunn, diretor do documentário "Metal: a headbangers journey": todo mundo que já gostou de metal mantém vivo em si o garoto de 15 anos que já bateu cabeça ouvindo as músicas mais barulhentas do mundo - é hora de acordá-lo.